segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Pensando em nossas crianças e no aprendizado

Em uma breve reflexão de novembro de 2015 relatei:

    “ Aprendi e entendi, que a nossa vida é marcada por constantes aprendizagens, e quando falamos sobre "aprendizagem e desenvolvimento" não podemos esquecer que o ato de ensinar envolve uma compreensão bem mais abrangente do que o espaço restrito do professor em sala de aula ou as atividades desenvolvidas pelos alunos. Acredito também que todo trabalho deva ser planejado com competência e amor, onde a aprendizagem só vai ser eficaz se dependermos de alguns fatores que considero bem importantes: O talento do professor, as oportunidades oferecidas aos alunos e o respeito a cada aprendiz como ser único, especial e capaz.Conclui assim que não preciso ser a melhor no que faço, mas dar o meu melhor em tudo que vou fazer e amar, amar muito meu trabalho.”
      Durante o estágio assim como em vários outros momentos procuro sair da sala de aula para realizar as atividades, entendendo a necessidade e o valor que pequenas mudanças fazem na vida do aprendiz, um simples passeio até a Agropecuária do bairro ou ao cinema foi um momento único, sabendo que de toda a turma uma única criança conhecia o cinema, essa foi uma das motivações ao planejar a atividade, a escola possui uma certa resistência em atividades fora do âmbito escolar por receio de algum perigo que possa existir e por ser mais cômodo para os professores, pois ficar na escola da menos transtorno, mas nossa ida ao cinema além de ser mais tranquila que qualquer atividade realizada na escola também foi repleta de descobertas, coisas simples para nós mas para as crianças algo valioso como andar de elevador panorâmico e assistir um filme com som e tela enorme transformaram o passeio em um momento cheio de magia e aprendizado.
     Sendo assim percebo que trazer algo novo bem como mostrar as crianças situações do seu cotidiano auxiliam no aprendizado e despertam interesse e motivação, também em outras atividades da semana trabalhamos as diferenças, e essa atividade me mostra de maneira clara o quanto é importante o professor conhecer os seus alunos e respeitar suas diferenças, pois elas também influenciam o processo do aprendizado. Por isso a importância de motivar e despertar o interesse dos alunos nas diferentes áreas onde o processo é individual formado por um estilo próprio, por costumes, tradições e, na minha escola em particular, porém não única, diferenças sociais e econômicas são os grandes responsáveis pelas diferenças existentes.
     Uma nova visão de trabalho na educação infantil se faz necessária, onde o lúdico e as histórias infantis sejam usadas de maneira a possibilitar a todos o mesmo direito de aprender, observar, analisar e auxiliar é dever do professor, atitudes simples podem mudar a história das crianças e da educação como um todo.


Literatura infantil


Essa postagem do meu blog de julho de 2016 registrou a importância da literatura infantil, algo que moveu minhas aulas durante o estágio e que continuará fazendo parte do mundo encantado das crianças, onde registrei:

“Poderíamos resumir a importância da literatura infantil no fato de que estudos já comprovaram o quanto ela contribui para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança.  
    Acredito ser de estrema importância que nós professores introduzamos na prática pedagógica a literatura infantil, e que a mesma disponha de informação que venha a contribuir para o desenvolvimento da criança, estimulando o aluno a buscar diferentes caminhos para as resoluções de problemas.
     Se levarmos em conta que a escola tem como um de seus papéis fundamentais a formação da personalidade da criança, a literatura é de extrema importância para auxiliar nessa construção, pois nela a criança ocupa o espaço privilegiado de acesso a leitura
     É através da literatura que a criança desperta uma nova relação com diferentes sentimentos e visões de mundo. Dialogando sobre esse assunto Bettelheim (1980) afirma que a criança desenvolve por meio da literatura, o potencial crítico e reflexivo. Afirma que a partir do contato com um texto literário de qualidade, a criança é capaz de refletir, indagar, questionar, escutar outras opiniões, articular e reformular seu pensamento.
     Na educação infantil, que é minha área de atuação percebo que para as crianças, a literatura é tudo na sua vida, pois é através dela que demonstram a sua realidade em forma de fantasia, através dos desenhos, das brincadeiras, das histórias, das músicas.
Foram muitas as histórias contadas e muitas reflexões feitas onde o aprendizado é algo que fui construindo junto com meus alunos, onde planejamentos foram mudados e adaptados para melhor aproveitamento como essa observação realizada durante o meu estágio que se referiu ao comportamento das crianças perante a recontagem da história do quero-quero, visto que a primeira contagem foi feita com todas as turmas juntas onde usei fantoches para a contagem, mas estavam agitados e não foi possível prender a atenção , na segunda recontei usando apenas as imagens do pássaro e fazendo referências a vida e atitudes das crianças em relação aos colegas, família e professores, trazer a história para a realidade deles facilitou o entendimento.
Segundo momento que foi encantador envolvendo a literatura infantil foi a contação da história da “Cinderela”, onde por sugestão da profe Gládis, esse momento foi usado para montagem do mural do ajudante do dia, onde os acessórios que serão usados para identificar os ajudantes serão escolhidos pelas próprias crianças, a contação foi realizada por mim vestida de fada, essas vestes também encantaram os pequenos, conforme Abramovich “Chegaram ao seu coração e à sua mente, na medida exata do seu entendimento, de sua capacidade emocional, porque continham esse elemento que a fascinava, despertava o seu interesse e curiosidade, isto é, o encantamento, o fantástico, o maravilhoso, o faz de conta. (ABRAMOVICH, 1997, p. 37).”
            As contribuições da contação de histórias para o processo de ensino-aprendizagem na educação infantil são visíveis e de grande valia, pois representam indicadores efetivos para situações desafiadoras para nós professores e também para as crianças, assim como fortalecem vínculos sociais, educativos e afetivos, Rodrigues afirma:
 “A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e se materializam na vida real. (RODRIGUES, 2005, p. 4).”
Fazer uso dessa ferramenta para o desenvolvimento das crianças é um dos objetivos do projeto, despertando pequenos leitores e estimulando para o mundo da imaginação, a criatividade, a oralidade e contribui para a formação da personalidade da criança envolvendo o social e o afetivo. Este momento também trouxe para mim e minha turma um clima de cumplicidade, transformando a contação em um importante recurso na formação de futuros leitores.

Referências:
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Cultura, arte e contação de histórias. Goiânia, 2005.


aprendizagem não é só para aluno


A postagem a segui é de outubro de 2016:

 “O desafio é constituirmos a escola num outro tempo, num tempo da Atualidade, onde o foco no presente nos faria viver cada momento como um acontecimento, sem pretensões de somar o número de aprendizagens para quantificá-la ao final do ano letivo, ... “Um tempo para se pensar juntos, para decidir, coletivamente, o que fazer, como fazer, porque fazer [...] Um tempo [...], que podia ‘ser tempo de criação’ e não o que se vivia nos últimos anos [...] tempo de repetição” (SAMPAIO, 2002, p.190).”
     “O que precisamos como professores é pensar nas atividade como continuidade e não como uma repetição, as atividades precisam ser vistas como um momento de construção de saberes, tanto por nós professores como pelos alunos. Para que o tempo em sala de aula seja melhor aproveitado, além do planejamento é de suma importância a troca de experiências e conhecimentos entre os professores,  entre professores e alunos, entre família e escola com processos pedagógicos de mais qualidade.
    Percebo na educação infantil, e acredito que seja assim em todas as áreas da educação,a importância da relação entre professor e aluno no processo de aprendizagem, sendo essa uma relação de amizade, de troca de solidariedade e de saberes, pois a escola hoje é um espaço onde se constroem relações humanas, e esta é a mola para despertar o desejo de aprender, a vontade de estar no âmbito escolar e fazer parte dele.” 
Essa postagem veio ao encontro da reflexão feita por mim na última semana de estágio onde relatei:  
    “ Esta última semana me trouxe reflexões além das atividades propostas com as crianças, me fez refletir nas obrigações que os professores possuem com a parte burocrática da educação, como avaliações e projetos e o quanto isso necessita ser feito de maneira excelente por ser essa a forma em que vamos conduzir o ensino e o aprendizado das nossas criança, não se pode fazer simplesmente para agradar a coordenadora pedagógica e preciso que se faça pensando nas crianças e no que elas esperam de nós.
     Quando planejamos estamos investigando, questionando, fazendo mudanças e tirando dúvidas para alcançar os objetivos esperados, mas muito importante é haver flexibilidade no que planejamos, pois sempre somos surpreendidos com algum fato ou um tema que surge no momento e isso pode enriquecer nossas aulas de acordo com as necessidades ou interesses dos alunos.
     Crianças dificilmente conseguem se concentrar por muito tempo em uma mesma atividade por isso a necessidade de variações e estímulos para que o aprendizado ocorra de maneira mais eficaz, porém a afetividade, amor e atenção são de extremo valor, pois como a idade é pouca e passam muito tempo no âmbito escolar sentem necessidade de aconchego da parte dos professores, e esse cuidado especial é sinal de respeito aos seus diferentes sentimentos, conforme cita Ostetto em uma partilha sobre experiências de estágio:
Não adianta um “planejamento bem planejado”, se o educador não constrói uma relação de respeito e afetividade com as crianças; se ele toma as atividades previstas como momentos didáticos, formais, burocráticos; se ele apenas age e atua, mas não interage/partilha da aventura que é a construção do conhecimento para o ser humano(OSTETTO,1994,p.190).
     Nesta última semana observando os alunos enquanto brincavam comecei a ver o quanto suas marcas são pessoais em minha vida, cada um em sua singularidade muito me ensinou, alguns por falar muito e por sua espontaneidade, outros em seu silêncio e seu olhar de surpresa, desconfiança e por muitas vezes carregado de alegria e gratidão e espero que eles também tenham me visto dessa maneira, pois carrego um espírito de criança que me identifica com a Educação infantil, que me fez por muitas vezes brincar intensamente e me divertir de maneira única, nas histórias infantis imaginei junto com eles e fiz viagens onde a fantasia e os sonhos nos fizeram passear por diferentes mundos onde tudo é possível, onde tudo é real, onde a felicidade existe”
         Acredito porém que para fazer a diferença na educação é necessário sair do comodismo e amar o que faz e a quem faz.
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Fonte:
OSTETTO, Esmeralda Luciana. Encontro e encantamentos na Educação infantil:Partilhando experiências de estagio. Campinas, Papirus.1994

Sexualidade e seus preconceitos




Registrei em uma postagem de 2015:
    “Achei muito importante a colocação da professora Tânia no fórum  sobre conceitos de sexualidade. onde ela diz ".Nunca se tem certeza absoluta sobre o resultado da educação que oferecemos, pois não se tem controle sobre a interpretação de cada um para o que é ensinado".
     Este é um dos motivos que temos que tomar muito cuidado com as palavras que usamos com nossas crianças e também com nossas atitudes, na maioria das vezes é mais fácil eles gravarem uma atitude do que as palavras, precisamos ter cuidado para não gerar traumas, medos ou distúrbios, principalmente quando se trata de um tema ainda cheio de tabus como a sexualidade, pela dificuldade dos pais em falar sobre o assunto as professoras passam a ser as responsáveis por entender cada fase e ajudar as crianças nesse processo de inúmeras transformações
.”
Durante meu estágio refleti sobre a sexualidade, mas também sobre preconceitos, durante uma atividade onde usei o dado das emoções e quando a ordem era “dar um beijo” e esta foi negada entre os meninos por dizer que “Homem não beija homem”, uma reação machista impregnada em suas mentes por uma sociedade preconceituosa.
     As crianças são puras e estão aprendendo a viver e a conviver e cabe aos pais e a nós professores direcionar esse caminho, uma missão  nada fácil, pois precisamos mudar os adultos que cresceram nesse ambiente para depois alcançar as crianças. Essa deve ser uma reflexão de todos envolvidos na formação das crianças, mudando valores de uma sociedade para uma educação que diminuirá entre tantas atitudes a violência.
     Esse é um trabalho que exige muita persistência, pois o preconceito e o machismo ainda esta presente de forma muito expressiva nas formações familiares assim como nas músicas e filmes causando um grande impacto nas suas vivências, como professores precisamos os pais mais presentes na educação dos filhos com um modelo de relação familiar mais saudável.
     Percebo em fim que o preconceito indiferente da forma pode ser mudado quando usamos o amor e o afeto com as crianças não fazendo diferença entre elas, mostrando com atitudes simples que somos todos iguais e que necessitamos uns dos outros.


http://pead2estagio270396serleialbrecht.pbworks.com/w/page/128960403/Reflex%C3%A3o%20semanal

Confiança


       
  

Essa postagem de 2015 foi simples, mas confirma muitos acontecimentos vividos em sala de aula durante esses cinco anos que estou trabalhando com a educação infantil, relatei:
    “Como é bom construirmos um elo de confiança entre nós professores e os alunos, falo isso porque fiz um acordo entre eu e meus pequenos que podemos nos contar os segredos e que ninguém pode contar para outra pessoa, isso me levou a ter mais intimidade com a vida pessoal deles, prova disso foi a atitude de uma menina quando fui acompanha-la no banheiro e ela me disse: " profe posso te pedir uma coisa? mas minha mãe não pode saber." me agachei na frente dela e disse que seria nosso segredo, foi então que ela me perguntou: "Por que eu só tenho bunda e os meninos tem rabo?" respondi somente a pergunta sem muitas explicações, pois como vimos na aula de psicologia ela esta na fase fálica e a curiosidade é normal, mas devido a falta de intimidade ou medo dos pais sentiu-se mais segura perguntando para a profe, quando voltamos para a sala ela me olhava e eu precisava me disfarçar para não rir pois achei o máximo o jeito dela falar, simplesmente amo esses pequenos.”
     Em uma das minhas reflexões durante o estágio registrei na semana 12 a 14 de novembro  a gostosa reação das crianças perante a história “O abraço de Alfredo” e na atividade de auto massagem assim como na massagem nos colegas, quando trabalhamos emoções com as crianças percebo o quanto eles são verdadeiros e intensos em suas ações e reações e principalmente a importância do afeto e da atenção no desenvolvimento cognitivo e moral das crianças.
     A criança ao vir para a creche sofre um rompimento familiar e inicia uma nova experiência, por isso é necessário que se sinta segura e acolhida e esse papel cabe a nós professores e aos colegas que passam a ser seus companheiros em todas as atividades, desde as brincadeiras até a hora de se alimentar e de descansar, as relações interpessoais precisam ser positivas e com uma abordagem de integração.
     A afetividade esta muito além de gestos de carinho físico é também uma preparação para o desenvolvimento cognitivo e deve permanecer por todos os estágios do desenvolvimento da criança




Diferentes maneiras de contar e encantar





Apresentação de um texto! raramente conto uma história para meus alunos seguindo as palavras escritas no livro, gosto de contar conforme as imagens criando muitas situações diferentes, mudando o tom da voz, fazendo muitas mímicas usando todas as partes do corpo, outro dia mesmo contei uma história onde cheguei rolar no chão, eles amam, e depois refazem as cenas e normalmente no dia seguinte, ou até na semana seguinte pedem para contar novamente, quando não lembro o que foi que eu fiz enquanto contava eles dizem, "profe agora você tinha que deitar",por exemplo, é maravilhoso, porque na educação infantil a alfabetização não é pela escrita, o importante é desenvolver a imaginação.”
Relendo essa postagem de outubro de 2015 refleti sobre o quanto mudei as maneiras de contar uma simples história, maneira que pode transformar uma história conhecida em um momento mágico nunca vivido antes. Durante meu estágio a contação de histórias moveu a maioria das atividades e uma dos momentos mais marcantes para mim e com certeza que mais encantou as crianças foi  o dia da contação de história da “Branca de neve”, pois como colocado no planejamento eu fiz para eles as maça do amor vestida de bruxa, juntamente com a professora titular eles vieram e de longe observaram a “bruxa” na cozinha fazendo as maça, quando voltei para a sala dizendo que havia ido ao dentista fizeram relatos impressionantes e cheios de imaginação sobre o que haviam visto, usando frases como:  “ profe se alguém te oferecer maça não aceita que é coisa da bruxa”, “Diz que você está cheia e não tem fome”, “deve ser com veneno como as da branca de neve”. No final do dia o presente recebido pela turma novamente mexeu com a imaginação dos pequenos, Rafael dizia muito alto empurrando os colegas “não cheguem perto está envenenado, todos para trás”, após a leitura do recado da fada que as maças eram o símbolo da amizade e por isso eram coces como pirulito, alguns ainda ficaram em dúvida alegando que a carta também podia ser da bruxa, fui a primeira a provar e mostrar que eram encantadas, doces com o açúcar e deixam o dia mais lindo e mais feliz.
      A razão dos contos de fadas permanecerem até os dias atuais mesmo tendo sido reelaborado, “(...) é porque nos tocam de determinada forma e que provavelmente algo foi preservado de seu arranjo inicial. Caso contrário teriam perdido a força, o encanto e cairiam no esquecimento.” (CORSO & CORSO, 2006, p 28).
     Hoje as crianças participam mais do mundo real, do que de seu mundo infantil, o qual é de extrema necessidade para elas, ficando uma lacuna numa fase em que as crianças precisam viver suas fantasias e emoções, as histórias e os contos auxiliam em situações as quais enfrentam e que não conseguem compreender e nem explicar, estimulam a imaginação, ajudam no desenvolvimento da personalidade e da comunicação além, de fornecer condições para o seu desenvolvimento e aprendizagem.

CORSO, D. L. ; CORSO, M. Fadas no divã. Porto Alegre: Artmed, 2006.