sábado, 29 de dezembro de 2018

Fazer a diferença conhecendo e amando nossas crianças

Em minha postagem em novembro de 2015 relatei sobre a importância do abraço, em outras palavras a importância do afeto para a vida pessoal da criança, hoje percebo que muito além e ajudar a criança em relação a seus “problemas” pessoais é de suma importância para seu aprendizado conhecermos cada um em sua singularidade e através do amor mover barreiras.
Assim relatei:
    “Temos em nossa escolinha a terapia do abraço, todos os dias nos abraçamos desejando um bom dia a colega e dizendo que estamos felizes por estar e fazer parte dessa família que é nosso local de trabalho e onde passamos boa parte do tempo.
     Passei  a ter em minha turma um menino cuja mãe colocou na sua ficha de avaliação:" é muito agitado, não respeita regras, enfrenta o pai e a mãe faltando com o respeito, não possui limites", quando ele chegou no primeiro dia a mãe disse , " se precisar pose surrar pois é impossível de lidar", realmente ele não teve problemas com adaptação, entrou na sala e se fez de dono, já bateu em colega, mordeu..., por duas semanas tentamos ensinar sobre limites e respeito, usamos muitas técnicas, e nada deu resultado, quando decidi então fazer com ele a terapia do abraço, só que era várias vezes ao dia, quando ele fazia algo errado eu o abraçava e dizia que estava triste, mas que o amava, que ele era lindo e muito especial, quando ele estava tranquilo eu fazia a mesma coisa falando da minha alegria. Foi uma transformação radical no comportamento, hoje é um dos meninos mais tranquilos e carinhosos que tenho em sala.Aprendi assim que muitas vezes as crianças não possuem tal comportamento por ele não fazer parte da sua rotina.”
Em uma das minhas reflexões em meu estágio registrei sobre uma atividade realizada com as crianças, onde o objetivo era trabalhar autoestima e valorização, a atividade da “caixa de espelhos” foi uma atividade que me levou a ver e ser sensível as emoções de cada criança, e muitas vezes tenho refletido sobre o comportamento das crianças e os motivos que as levam a atitudes de mágoa, raiva, desprezo, e carência, mas fui tocada intimamente com as expressões e relatos recebidos durante a atividade.
     Procurando ressaltar muitas qualidades físicas, de comportamento e da importância que cada um possui na sua singularidade para nós professores, colegas, família e para Deus tentava descrever cada um sem dizer quem era a criança retratada, no momento em que eram convidados a conhecer a criança e viam sua imagem ficavam surpresos, alguns riam timidamente como se sentissem vergonha, conhecendo um pouco do histórico familiar é possível que nunca tivessem ouvido elogios dessa grandeza, quatro deles agradeceram e disseram “eu sabia que era eu”, como íntimos do relato feito, crianças que ouvem dos pais os elogios e estímulos necessários para uma formação de adultos confiantes e seguros, outro menino que sua reação me marcou , foi que ao ver sua imagem começou chorar, e eu perguntei “Você está feliz com quem você está vendo na caixa?” –sim, respondeu ele, e me abraçou. O fato mais triste e de maior reflexão foi a reação de um menino considerado “problema” não só para a escola, mas para a mãe que possui dificuldade com seu comportamento agressivo e sem limites, movido por uma família desestruturada com pai e tios com histórico criminal e de tráfico de drogas, no momento em que viu sua imagem disse que não havia gostado, e eu perguntei o porque não gostou de quem ele viu, e com lágrimas nos olhos me disse “É que eu não sou assim como você falou”, me segurando para não chorar e olhando firmemente para ele repeti todas as qualidades descritas anteriormente e afirmei “Nunca aceite que digam o contrário de você”, sei que talvez essa atividade não faça muita diferença em sua vida agora, mas acredito que um dia ele irá lembrar e fará uso das qualidades que possui e que passam despercebidas pela família que não coloca isso acima e tão pouco  como solução para os problemas que enfrentam.
     Segundo Adriana Aparecida dos Santos em um artigo na Revista Gestão Universitária, no artigo “A Influência da autoestima No Processo de ensino-Aprendizagem Na Educação Infantil” afirma que:
O processo ensino-aprendizagem acontece passo a passo, onde a criança é estimulada a brincar, a interagir com novos amigos e assim começa a ter um  olhar e compreender um ambiente cheio de pessoas diferentes, cada um com o seu modo de ser, de agir. O aluno se sente incentivado para realizar as atividades prescritas e através da ludicidade este processo se torne mais amplo e concreto.
 Segundo  Cavalcanti (2003) a autoestima e a aprendizagem se relaciona de maneira direta uma vez que as dificuldades do aprender podem provocar uma baixa na autoestima e os problemas de baixa valorização pessoal culminam para desajustes e dificuldades de aprendizagem.
Entende-se que a criança ao ter o primeiro contato com a escola, necessita de um olhar que perceba a transposição de casa para a escola podendo influenciar no seu processo de aprendizagem”.
     Desta forma e perante as experiências vividas no cotidiano escolar concluo que é de suma importância conhecer as crianças e seu histórico familiar e cultural, para que seja possível desenvolver estratégias que possam auxiliá-las na sua aprendizagem, com uma troca de apoio entre família e escola, onde um olhar atento do professor pode mudar a história e o futuro de um ser humano vulnerável ao mundo adulto e seus problemas.


O lúdico na infância

Nesta postagem  no blog de 2015 relato que não possuo lembranças da minha alfabetização e sim do tempo em que eu brincava, hoje após o passar de alguns semestres percebi o quanto fui alfabetizada em quanto brincava, sem ter esse entendimento não sabia da grandeza que o brincar possui no desenvolvimento e aprendizado da criança como um todo.
Assim foi o relato no blog:
    “Quando falo em brincar sou remetida as lembranças da minha infância, como faço parte de uma família bem generosa em número de filhos, somos em dez, nunca me faltou companhia e incentivo na hora de brincar, as vezes fico triste quando penso que não tenho lembranças da minha alfabetização, mas sobre brincar e ser criança livre tenho muitas, acredito que seja por isso que não tenho dificuldade em continuar brincando e por isso amar e me identificar tanto com a educação infantil.
    Os estudos nos mostram a importância do lúdico na infância, é por meio das brincadeiras que a criança satisfaz, em grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, esta é a maneira mais eficaz de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é sua forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo.”
Observando meus alunos enquanto brincam é possível além de ensinar conhecer cada um e identificar diferentes níveis no aprendizado, é brincando que oportunizamos relações sociais e o desenvolvimento cognitivo, através do brincar a criança explora sem medo de ser repreendida se errar, pois não existe erro enquanto brincamos. Adquirir noções de forma e espaço se torna algo prazeroso por não ser nomeado como conteúdo assim com identificar cores, tamanhos e formas.
“Ao brincar, a criança assume papéis e aceita as regras próprias da brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as quais ainda não está apta ou não sente como agradáveis na realidade.”


Fundamentos da Alfabetização


Esta postagem que segue  fiz em dezembro de 2015, e o que posso dizer é que a prática em sala de aula acompanhada de uma boa reflexão nos ensina as várias formas de alfabetização nas diferentes fases do desenvolvimento da criança.
 “  A interdisciplina Fundamentos da Alfabetização me deu mais visão com relação a prática como alfabetizadora,  o que aprendi e estamos aprendendo abriu novos horizontes. Com relação a aprendizagem  através do lúdico, que se pode sim, por meio de brincadeiras, transmitir conhecimentos a criança, pude ver que a alfabetização  na realidade, começa bem antes da criança frequentar uma escola de ensino fundamental, é brincando que se aprende.
   Como educadores temos o dever de trabalhar para que a alfabetização ocorra com alegria e prazer e assim tornar possível e mais fácil a edificação integral da criança.”
O lúdico e todas suas possíveis ferramentas ensinam e encantam na educação infantil, é possível mostrar coisas novas as crianças de forma agradável, uma dessas formas foi ao trabalhar alimentação saudável no meu estágio levando as crianças a consumirem frutas nunca provadas antes, como relatei em minha reflexão na semana do dia 08 a 11 de outubro “... As crianças dessa faixa etária podem apresentar uma relutância em consumir alimentos novos ou que não fazem parte de sua rotina, para que esse comportamento se modifique, é necessário que a criança prove o alimento em diferentes momentos e diversos tipos de preparação, mesmo que em quantidades mínimas. Somente dessa forma ela conhecerá o sabor do alimento e estabelecerá, assim, seu padrão de aceitação. Podemos observar que as crianças, em sua maioria, não comem frutas, uma das atividades planejadas foi a degustação de frutas, o espetinho de frutas e o sanduíche natural, os quais eram compostos por frutas, legumes e verduras que não temos aceso ao cardápio escolar, o kiwi por exemplo foi uma fruta que ninguém conhecia, mas que toda turma  provou e só dois não gostaram e não quiseram repetir, outra observação de valia foi o fato de que alguns eram convictos em dizer “eu não como e não gosto”, mas após uma conversa e muita imaginação provaram os alimentos, a maioria foi para casa contando que havia comido e tinham gostado, uma mãe na semana seguinte comentou ”em casa ele continua não comendo, porque só o da creche que é bom”, acredito que não é o da escola que é bom e sim a forma que o alimento foi apresentado que faz a diferença na aceitação.
Não somente com a alimentação é assim, mas com todo o aprendizado, ele se dá com melhor ou menor resultado dependendo da forma que é apresentado para as crianças, nós professores podemos fazer da matemática ou da língua portuguesa uma disciplina boa ou não para os nossos alunos dependendo do método que usarmos para fazer essa intermediação.


quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Autonomia na educação infantil
















Essa primeira postagem é do meu blog de dezembro de 2015, Administração simbólica da infância, um tema que trabalhei muito no meu estágio, a autonomia, como cita a postagem:
A autonomia das crianças é defendida, e ao mesmo tempo elas convivem com a “administração simbólica da infância”, que entendo como sendo a restrição do espaço e tempo que coloca as crianças mais tempo sobre o controle direto ou indireto dos adultos, a criança fica situada entre uma autonomia por privação e autonomia por obrigação com condições de acesso e usufruto de direitos sociais. Quem faz isso com as crianças? nós mesmos, todos os dias quando decidimos coisas simples e que nem nos damos conta que anulamos muitas vezes as vontades e o direito das crianças, é de nosso dever tomarmos decisões por elas e com elas quando as mesmas ainda não estão preparadas para tal atitude, como por exemplo: se uma criança que ainda não possui noção do perigo, não é por que ela quer pular da janela vou deixa-lá”
        Mesmo atuando na educação infantil há cinco anos e sempre trabalhando autonomia com as crianças, no meu estágio foi a primeira vez que mudei de forma significativa o meu comportamento e o das crianças para fazer a diferença na autonomia individual de cada um, conforme relatei em minha reflexão semanal: “Dando continuidade ao projeto esta semana foi direcionada a importância da água, aproveitando para trabalhar cores e tamanhos, o que me levou a uma reflexão mais significativa foi  trabalhar a autonomia das crianças no momento de realizar algumas atividades, muitas vezes simples para nós adultos, mas de grande impacto para os pequenos.  
       Algumas mudanças simples como: cada um guarda seu travesseiro, alcança a coberta para a profe, calça seu calçado e nesta semana passaram a se servir e tomar água sozinhos, com copos identificados com um adesivo escolhido por eles e com seu nome, devo confessar que achei que não conseguiriam saber qual era seu copo por terem escolhidos adesivos muito parecidos, mas além de saberem qual o seu sabem dizer qual é o do colega.       Muitas vezes consideramos as crianças tão pequenas e frágeis e esquecemos de avaliar o fato de que elas possam realizar suas próprias tarefas. É importante ressaltar que essa função engloba a memória de trabalho, o raciocínio, a capacidade de resolução de problemas e a flexibilidade de tarefas, bem como na construção da personalidade.
          A autonomia não está somente relacionada à habilidade de fazer as coisas por si, mas também está diretamente ligada ao desenvolvimento da consciência moral, o que possibilita que façam suas próprias escolhas, tomem Segundo Piaget, nos primeiros anos de vida as crianças conferem legitimidade às regras e valores determinados pelos adultos, já que elas mantêm vínculos afetivos com eles, especialmente pais e educadores.  Por isso, durante toda a Educação Infantil é importante encorajar o aluno a realizar pequenas ações individuais e estimulá-lo a se socializar com os colegas.
      É muito importante explicar todas as ações de cuidado e valorizar quando a criança expuser suas preferências, decisões e busquem seus sonhos e desejos.Dessa forma, é possível proporcionar momentos importantes para o desenvolvimento da autonomia e da socialização e despertar nas crianças a consciência de que todos nós temos que exercer o nosso papel de cidadãos na sociedade, começando em casa e na escola.”