quinta-feira, 17 de maio de 2018

O desenvolvimento da linguagem na criança















Achei interessante esse gráfico com as fases e o desenvolvimento da linguagem, lembrando sempre que isso não é uma regra e que cada criança é única em seu desenvolvimento e para que esse processo ocorra de forma sadia é preciso respeitar e apoiar incentivando conforme as necessidades.
Aprender a falar é uma das realizações mais importantes e mais visíveis da primeira infância. Em questão de meses, e sem ensino explícito, as crianças passam de palavras hesitantes para frases fluentes, e de um vocabulário reduzido para um vocabulário que aumenta em seis novas palavras por dia. As novas ferramentas da linguagem significam novas oportunidades para a compreensão social, para aprender a respeito do mundo, e para compartilhar experiências, prazeres e necessidades.

O desenvolvimento da linguagem é ainda mais impressionante quando consideramos a natureza do que é aprendido. Pode parecer que as crianças precisem apenas lembrar-se do que ouviram e repeti-lo em algum momento posterior. Mas essa não é a essência da aprendizagem da linguagem, pois se fosse não seríamos comunicadores bem-sucedidos. A comunicação verbal requer produtividade, isto é, a capacidade de criar um número infinito de enunciados que nunca ouvimos antes. Frequentemente, educadores ignoraram as crianças em idade pré-escolar cuja linguagem parece estar mais atrasada do que seu desenvolvimento em outras áreas, argumentando que essas crianças estão “apenas um pouco atrasadas” para falar. As evidências de pesquisa sugerem, ao contrário, que a aquisição da linguagem deve ser tratada como um barômetro importante do sucesso em tarefas integradoras complexas. Embora seja a criança quem deve criar os padrões abstratos a partir dos dados da linguagem, podemos facilitar essa aprendizagem: apresentando exemplos de linguagem que estão de acordo com os recursos perceptivos, sociais e cognitivos da criança; e escolhendo objetivos de aprendizagem que se harmonizam com o curso normal do desenvolvimento.

As teorias da aquisição da linguagem


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Jean Piaget quando desenvolveu o método clínico de investigação das idéias das crianças revolucionou o estudo da linguagem, onde esta aquisição não pode ser entendida de forma isolada no desenvolvimento infantil.
Piaget em seus estudos nos ajuda a compreender o desenvolvimento cognitivo, pois considera que as crianças não herdam capacidades mentais prontas, apenas o modo de interação com o ambiente. Desta forma, as atividades intelectuais visam à adaptação do sujeito ao ambiente, sendo uma construção gradativa. Piaget também investigou e procurou compreender o pensamento enquanto uma ação internalizada, onde é usado o mecanismo da assimilação, quando o indivíduo incorpora o objeto enquanto meio de conhecimento, e o da acomodação onde o sujeito transforma sua estrutura anterior para incorporar o objeto já assimilado.
A teoria piagetiana percebe o desenvolvimento cognitivo construído a partir do biológico. Segundo Piaget a inteligência começa a se organizar por meio de uma lógica da ação calcada sobre o biológico (reflexos inatos do bebê), ou seja, para Piaget, os atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico.
No que se refere ao desenvolvimento da linguagem Piaget sugere que o desenvolvimento linguístico depende do desenvolvimento da inteligência, tendo sua origem relacionada ao desenvolvimento sensório-motor. Inicialmente com a “pré-linguagem” onde a função simbólica irá aparecer num conjunto de atividades essencialmente sensório-motoras com condutas de transição ou pré-simbólicas que correspondem ao uso convencional dos objetos, aos esquemas simbólicos e ao esboço de aplicação de ações em outros objetos.
Em uma determinada etapa do desenvolvimento infantil, observam-se alguns comportamentos que poderiam ser identificados como uma simples brincadeira. No entanto, trata-se do jogo de faz-de-conta, um brincar ou jogar simbólicos, segundo os estudos de Piaget, o último nível de simbolismo, seria quando este atinge o nível de representação independente, quando a criança consegue transformar um objeto em outro, ou mesmo quando um gesto ou palavras sustentam um fato ausente. Ainda segundo a Teoria de Piaget referente ao desenvolvimento da linguagem, a criança não se prende no que vê, fato que ratifica o papel da linguagem na evolução do brinquedo. Pode-se dizer que a linguagem e o brinquedo desenvolvem-se ao mesmo tempo e influenciam-se reciprocamente.
Conforme Lev Vigotsky, a criança mesmo antes de dominar a linguagem ela apresente capacidade de resolver problemas práticos, de utilizar instrumentos e meios para atingir objetivos, chamando de fase pré-verbal do pensamento.
Embora não domine a linguagem como um sistema simbólico, os pequenos também utilizam manifestações verbais. O choro e o riso têm a função de alívio emocional, mas também servem como meio de contato social e de comunicação. É o que Vygotsky chamou de fase pré-intelectual da linguagem. Essas fases podem ser associadas ao período sensório-motor descrito por Piaget, no qual a ação da criança no mundo é feita por meio de sensações e movimentos, sem a mediação de representações simbólicas.
A principal marca de Vygotsky é o estudo sobre a construção dos significados das palavras conforme sua teoria, surge por volta dos 2 anos de idade, quando a criança passa a dominar a fala e construir seus conceitos sobre os objetos.  É a capacidade humana de unir a linguagem ao pensamento para organizar a realidade, o pensamento deixa de ser biológico,como o dos primatas, para se tornar histórico-social, diferenciando o homem dos outros animais. Enfim o pensamento humano é formado primordialmente pelas aptidões geneticamente determinadas e amadurecidas com base na estimulação ambiental.

Analisando as duas teorias percebo a necessidade de nós professores em ter uma boa formação teórica, para embasar a prática, entender a natureza da língua escrita, como se dá a sua aquisição pela criança, para poder, interferir, mediar e respeitar o processo de construção na fase inicial da aprendizagem, propiciando na sala de aula um ambiente onde essas crianças possam vivenciar situação real de uso da escrita, levando a consumir, produzir e entender sua função e funcionamento.

Referências:
https://moodle.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=1466982
https://moodle.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=1466983