Muitas
das nossas atitudes ou as que deparamos
diariamente, são critérios que carregamos pela cultura passada de geração a
geração, onde o mundo é portador das mais variadas situações nas relações humanas
marcadas pelas diferenças, as
expressões muitas vezes usadas
por costume, sem percebermos o verdadeiro significado e o quanto mal podemos
fazer através de palavras, como por exemplo:”cegueta”, “surdinho”, “quatro
olhos”..., esses são na verdade sinais de preconceito que pode impedir o “ser
diferente” de viver plenamente. Conforme cita Lígia Assumpção Amaral “...estaríamos muito perto da resposta: a presença
de preconceitos e a decorrente discriminação vivida, ainda com mais
intensidade, pelos significativamente diferentes, impedindo-os, muitas vezes,
de vivenciar não só seus direitos de cidadãos, mas de vivenciar plenamente sua
própria infância.” (sobre crocodilos e avestruzes,p12). Estamos acostumados a
ver o ser humano, e como professores precisamos ter o cuidado para não usar
dessa classificação com nossos alunos, o “tipo ideal”, com características pré
estabelecidas, qualquer mudança nesse padrão passa a ser “anormal” e sobre ela
cai o preconceito e os mitos sobre as diferenças. Nesse preconceito se misturam
emoções, admiração, medo, raiva, repulsa... sentimentos esses que geram
comentários ou julgamentos grosseiros como: “é paralítico mas é inteligente”,
“é negro mas é trabalhador” “é cego mas têm uma audição privilegiada”,
precisamos reconhecer isso como preconceito e refletir sobre o que é
normalidade e anormalidade.
As metáforas
usadas pela autora dos crocodilos e avestruzes nos remetem a complexidade da
atualidade, onde as relações humanas estão em crise e faltam respostas para a
diversidade e as diferenças. Ainda vislumbramos ou mesmo tateamos
estratégias e modos de conduta ética para lidar com esta realidade e percebemos
que esta preocupação tem sido crescente na formação de pessoas voltadas às
relações humanas, como é o caso de nós professores. Cabe a nós entendermos as
particularidades de cada caso, nem todo aluno com deficiência encontrará o mesmo
grau de dificuldades ou terá os mesmos recursos para enfrentá-los. A esse
respeito pode-se mencionar o conceito de acessibilidade, que significa tornar
acessível.
Este conceito circula com
freqüência entre os deficientes físicos e motores, principalmente no que se
refere ao uso de cadeiras de rodas. Fica evidente, que tanto a deficiência
física quanto a motora colocam em pauta novas dimensões da existência. Na
deficiência física adquirida é requisitada do indivíduo uma adaptação a sua
nova condição; e na deficiência motora inata, é requerida, principalmente, uma
adaptação do meio social, especialmente da família, às demandas de cuidados
deste indivíduo.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou as doenças ou distúrbios e suas
implicações na vida dos pacientes em: Deficiência, incapacidade e desvantagem. Assim
ficaram formados os conceitos para; Deficiência, a perda ou anormalidade
física, psicológica ou anatômica; Incapacidade é a restrição que alguém possui
para realizar uma atividade considerada normal para o ser humano; A Desvantagem
por sua vez é o prejuízo que um indivíduo tem limitando ou impedindo de
realizar atividade ou desempenhar uma função de acordo a idade, sexo, fatores
sociais e culturais.
Analisando
os conceitos e observando minha escola posso afirmar que não possuímos nenhuma
criança que se encaixa no conceito “Deficiência”, já no conceito “incapacidade”
acredito que se encaixa como exemplo uma menina que começou na creche com seis
meses e teve um retardo no seu desenvolvimento motor, isso fez com que ela
ficasse até os dois anos no berçário, pois não sabia engatinhar e conseqüentemente caminhar, pela falta de
alguém que pudesse acompanha - lá caso fosse avançada de turma permaneceu junto
com os bebês onde haviam mais profissionais para atender essa faixa etária, com
ajuda dos profissionais da saúde e a APAE aos dois anos ela conseguiu
restabelecer todos os movimentos e hoje com três anos acompanha seus colegas no
maternal II sem nenhuma dificuldade. No conceito desvantagem não posso usar
como exemplo nenhuma criança em especial, mas sabemos que existe uma diferença
no desenvolvimento de cada uma, por isso em alguma atividade nem todos
conseguem realizar, pois ainda estão desenvolvendo noções básicas de tempo e
espaço.
Posso
afirmar após as leituras e filmes disponibilizados nas aulas do PEAD que a construção de uma sociedade
verdadeiramente inclusiva, passa principalmente pelo cuidado com a linguagem,
pois é através dela que ás vezes até involuntariamente expressamos o respeito
ou a discriminação em relação às pessoas com diferentes deficiências.
Referência:
AMARAL, Lígia Assumpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando das diferenças físicas, preconceitos e superação. In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Diferenças e preconceitos na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1998, p. 11-30.
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