sábado, 2 de dezembro de 2017

Crocodilos e aveztruzes

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Muitas das nossas atitudes ou as que  deparamos diariamente, são critérios que carregamos pela cultura passada de geração a geração, onde o mundo é portador das mais variadas situações nas relações humanas marcadas pelas diferenças, as  expressões  muitas vezes usadas por costume, sem percebermos o verdadeiro significado e o quanto mal podemos fazer através de palavras, como por exemplo:”cegueta”, “surdinho”, “quatro olhos”..., esses são na verdade sinais de preconceito que pode impedir o “ser diferente” de viver plenamente. Conforme cita Lígia Assumpção Amaral  “...estaríamos muito perto da resposta: a presença de preconceitos e a decorrente discriminação vivida, ainda com mais intensidade, pelos significativamente diferentes, impedindo-os, muitas vezes, de vivenciar não só seus direitos de cidadãos, mas de vivenciar plenamente sua própria infância.” (sobre crocodilos e avestruzes,p12). Estamos acostumados a ver o ser humano, e como professores precisamos ter o cuidado para não usar dessa classificação com nossos alunos, o “tipo ideal”, com características pré estabelecidas, qualquer mudança nesse padrão passa a ser “anormal” e sobre ela cai o preconceito e os mitos sobre as diferenças. Nesse preconceito se misturam emoções, admiração, medo, raiva, repulsa... sentimentos esses que geram comentários ou julgamentos grosseiros como: “é paralítico mas é inteligente”, “é negro mas é trabalhador” “é cego mas têm uma audição privilegiada”, precisamos reconhecer isso como preconceito e refletir sobre o que é normalidade e anormalidade.
As metáforas usadas pela autora dos crocodilos e avestruzes nos remetem a complexidade da atualidade, onde as relações humanas estão em crise e faltam respostas para a diversidade e as diferenças. Ainda vislumbramos ou mesmo tateamos estratégias e modos de conduta ética para lidar com esta realidade e percebemos que esta preocupação tem sido crescente na formação de pessoas voltadas às relações humanas, como é o caso de nós professores. Cabe a nós entendermos as particularidades de cada caso, nem todo aluno com deficiência encontrará o mesmo grau de dificuldades ou terá os mesmos recursos para enfrentá-los. A esse respeito pode-se mencionar o conceito de acessibilidade, que significa tornar acessível.
 Este conceito circula com freqüência entre os deficientes físicos e motores, principalmente no que se refere ao uso de cadeiras de rodas. Fica evidente, que tanto a deficiência física quanto a motora colocam em pauta novas dimensões da existência. Na deficiência física adquirida é requisitada do indivíduo uma adaptação a sua nova condição; e na deficiência motora inata, é requerida, principalmente, uma adaptação do meio social, especialmente da família, às demandas de cuidados deste indivíduo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou as doenças ou distúrbios e suas implicações na vida dos pacientes em: Deficiência, incapacidade e desvantagem. Assim ficaram formados os conceitos para; Deficiência, a perda ou anormalidade física, psicológica ou anatômica; Incapacidade é a restrição que alguém possui para realizar uma atividade considerada normal para o ser humano; A Desvantagem por sua vez é o prejuízo que um indivíduo tem limitando ou impedindo de realizar atividade ou desempenhar uma função de acordo a idade, sexo, fatores sociais e culturais.
Analisando os conceitos e observando minha escola posso afirmar que não possuímos nenhuma criança que se encaixa no conceito “Deficiência”, já no conceito “incapacidade” acredito que se encaixa como exemplo uma menina que começou na creche com seis meses e teve um retardo no seu desenvolvimento motor, isso fez com que ela ficasse até os dois anos no berçário, pois não sabia engatinhar  e conseqüentemente caminhar, pela falta de alguém que pudesse acompanha - lá caso fosse avançada de turma permaneceu junto com os bebês onde haviam mais profissionais para atender essa faixa etária, com ajuda dos profissionais da saúde e a APAE aos dois anos ela conseguiu restabelecer todos os movimentos e hoje com três anos acompanha seus colegas no maternal II sem nenhuma dificuldade. No conceito desvantagem não posso usar como exemplo nenhuma criança em especial, mas sabemos que existe uma diferença no desenvolvimento de cada uma, por isso em alguma atividade nem todos conseguem realizar, pois ainda estão desenvolvendo noções básicas de tempo e espaço.
Posso afirmar após as leituras e filmes disponibilizados nas aulas  do PEAD que a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva, passa principalmente pelo cuidado com a linguagem, pois é através dela que ás vezes até involuntariamente expressamos o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com diferentes deficiências.

Referência:
AMARAL, Lígia Assumpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando das diferenças físicas, preconceitos e superação. In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Diferenças e preconceitos na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1998, p. 11-30.


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